A Vivência na Verdade é Acompanhada de Profunda Beleza e Felicidade

Por mais que uma pessoa conheça, jamais terá uma verdadeira ideia da verdade – nem de sua própria chegará perto. A proposição de Platão é válida, ao afirmar que estaríamos, praticamente, encarcerando-nos na ignorância, e uma das provas é a infelicidade que sentimos. À medida que aceitamos a aproximação com a verdade, teremos todo o ser inundado por uma incrível felicidade, devido ao comprometimento de nossa estrutura com a beleza e a bondade.

A verdade humana é a sanidade, que é o seu bem, e este último é o bem-estar; não há possibilidade de se ser veraz, sem se sentir bem – e, para vivê-la, é necessária uma única coisa: a sua aceitação. A mesma dignidade, que se atribui ao Criador, cada ser humano carrega em seu íntimo, devido à semelhança com Ele.

Muitas vezes tenho pensado se a realidade poderia ser diferente, se Deus fosse outro ser – e o que me ocorre é que ela seria exatamente a mesma coisa. No entanto, quando lidamos com o que existe, estamos trabalhando com o que é do Criador; por esse motivo, o indivíduo muito invejoso é preguiçoso. De outro lado, quando aceitamos tudo o que é comum e assumimos uma conduta modesta, tornamo-nos muito próximos do Ente Supremo, que é totalmente simples.

Geralmente, o ser humano quer colocar a verdade de acordo com a própria aquiescência* - a filosofia escolástica diz que ela seria a conformação do intelecto com a coisa (adequatio intelectos et rei) ou, pior ainda, um fator ligado ao entendimento (como a definição acima também mostra).

O pensamento religioso sempre foi de opinião que deveríamos criar uma fé, como se ela fosse dependente de nossa vontade – e não como algo que existe por si e que tentamos abandonar (mas, assim mesmo, continua existindo) – sendo o maior engano pensar que ela seria exclusiva de instituições – e não uma verdade universal, para não dizer, cósmica. De outra parte, não há motivo para afastar a ciência da filosofia ou da teologia. Os pensadores têm o extremo cuidado de separar o campo do pensamento e o do religioso; os cientistas, então, nem de longe, querem aproximação, seja com a filosofia ou, principalmente, com a religião. De modo que cada setor fechou-se dentro de seu “mundo”, acanhando-se cada vez mais – por um único motivo: cada indivíduo quer ser um criador, em seu campo, impedindo que a verdade (que é a mesma nos três) exista adequadamente. Estou dizendo que tal divisão existe apenas teoricamente, por causa de nossa inveja.

O ser humano não precisa conhecer, para realizar o que é justo, belo e real – porque seus conhecimentos estão aquém deles – sua verdade está, por inteira, nele mesmo; o homem é o que tem consciência, mesmo que não a deixe existir em sua inteireza; ele tem todas as fibras voltadas para sua finalidade: o amor, a beleza e a felicidade.

*aquiescência = aceitação

Fonte: KEPPE, Norberto da Rocha. A Glorificação. São Paulo: Editora Proton, 2019.

O Blog TRILÓGICA Liderança & Gerência deseja a você, querido(a) leitor(a), um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo com muita paz, saúde e felicidades.