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Alienação e Inconscientização

Writer's picture: TRILÓGICA Liderança & GerênciaTRILÓGICA Liderança & Gerência

O problema fundamental, na atitude do homem, é o seu esforço para apagar a consciência de qualquer problema.

 

Temos de distinguir o problema de sua consciência, pois, ao rejeitar a percepção, estamos apenas realimentando a dificuldade, isto é, aumentando-a. O seu contrário é válido: ao conscientizar um problema, já estamos no caminho de resolvê-lo.

 

Estou dizendo que nosso desejo é sempre o de não ver os enganos que cometemos no transcorrer da existência, por um motivo bastante doentio: a ideia de nos acharmos perfeitos. Acreditamos que somos perfeitos, como só um Deus pode ser, porque pensamos que somos onipotentes. Dificilmente, pensamos em ser bons através do Criador – que é uma megalomania bem disfarçada.

 

Quando Adão e Eva procuraram ser deuses, através do conhecimento do bem e do mal, estavam cometendo um tremendo estrago porque Deus é só o bem – e, de tal maneira, que Ele não pode viver o mal.

 

Nesse momento, eles simplesmente fizeram a escolha da doença, do mal, do erro e do pecado (como a religião diz), ainda, com a ideia de que desse modo substituiriam Deus.

 

Portanto, o desejo de conhecimento do bem e do mal constitui-se provavelmente no maior erro que o ser humano comete, pois saber ou viver o mal é simplesmente tentar permanecer no que jamais poderá existir por si mesmo.

 

O magno problema humano não é o de conhecer a verdade, mas o de aceitá-la ou não. E essa verdade (em nós) é principalmente a consciência dos próprios erros que, admitidos, deixarão de ser falhas.

 

Somos doentes só porque tentamos negar, omitir ou deturpar a consciência da realidade. Aliás, o único problema do ser humano é a sua atitude de inconscientizar, esconder o que vê. A consciência sempre existe; ela é como um farol, em nosso interior, que usamos para captar a realidade.

 

Não existe uma censura senão contra a consciência; enquanto o indivíduo é muito patológico, não se queixa, mas quando começa a tomar consciência disso, não quer aceitar – se aceitasse, não seria mais tão doente. Portanto, podemos dizer que a doença é uma luta contra a manifestação da consciência.

 

A civilização humana, como foi organizada, tornou-se um verdadeiro “boomerang” para o próprio homem: ela partiu arrojada para o seu espaço que logo se fechou num círculo estreito, voltando-se com toda violência contra ele mesmo. Assim sendo, o circuito de todas as realizações é muito rápido: tivemos pequenas épocas de um grande desabrochar na escultura, na música, na política etc., imediatamente esgotado, devido à resistência do próprio indivíduo.

 

No momento, o trabalho é sempre relacionado ao lucro imediato – e o dinheiro é o nosso maior “boomerang”, que reduz toda a realização ao seu circuito de ganho. É por este motivo que grande parte da humanidade não tem o mínimo para o seu próprio sustento, jazendo na inutilidade, negando cuidar da própria comida que o alimentaria.

 

Foi criada uma barreira muito grande ao desenvolvimento do homem, devido ao fato de ele mesmo querer determinar como teria de ser a vida – e essa atitude o delimitou ao campo das ideias, que são a sua fantasia: algo que parece imenso, mas que se contém facilmente entre as quatro paredes de uma sala de leitura. Pensa-se que o trabalho é um tormento só recompensado pelo dinheiro – e não que o dinheiro, devido ao modo de ser utilizado, constitua o seu inferno, impedindo-o de ser feliz e de se realizar plenamente.

 

Fonte: KEPPE, Norberto da Rocha. A Glorificação. São Paulo: Editora Proton, 2019.



Reflexão:

É possível ser feliz na alienação, recusando ou distorcendo a percepção de todo o bem que vem da vida e principalmente de Deus?

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