De acordo com a compreensão de Norberto Keppe, o amor é o único sentimento real e é extremamente saudável, quer seja no sentido fÃsico como no psÃquico. O ódio, a raiva, a inveja, são atitudes contra o sentimento de amor, e não são sentimentos no verdadeiro sentido da palavra.
Se o ser humano quer se desenvolver na vida e ter mais consciência dos problemas e de sua solução, é necessário que ele procure incentivar seu sentimento de afeto. Isso porque ele proporciona paz interna e tolerância, ao vermos os nossos erros e os dos outros. A conscientização da inveja, na pessoa amorosa, também lhe traz tranquilidade pela aceitação do que é bom, belo e verdadeiro na sua vida e na dos outros. Só o amor é capaz de tolerar a consciência do mal próprio e de terceiros; ele também é paradoxal, pois só os indivÃduos muito afetivos admitem que dão pouco amor, e os mais arrogantes e cheios de ódio julgam-se cheios de afeto. O amor sempre leva para o progresso, para a alegria e isso obrigatoriamente proporcionará uma sanidade orgânica e psicológica muito grande, porque ele não é um sentimento de ataque, mas de preservação da vida.
Quando estamos diante de uma paisagem bonita, um animalzinho gracioso, uma flor delicada, ou uma pessoa bondosa e verdadeira, o sentimento que nos invade não é gerado naquele momento, causado por aquele objeto, mas é por ele despertado e, se o indivÃduo não for muito invejoso, o sentimento de amor se manifesta com maior intensidade. Porém, mais amor ainda é necessário para aceitação da consciência da nossa psicossociopatologia (problemas psÃquicos e sociais) e esforço para solucioná-los.
Portanto, se houver um treino para uma atitude de interiorização constante, o ser humano poderá desenvolver muito a vida afetiva e usufruir mais dela; ela existe constantemente no nosso Ãntimo e a sua rejeição é fonte de grande angústia e mal-estar.
Amor, para a Trilogia AnalÃtica, é o mesmo que espiritualidade; e espiritualidade é ação boa, bela e verdadeira. Portanto, o amor se mede através da quantidade de obras boas e verdadeiras que um indivÃduo realiza em sua vida e da tolerância que ele tem em admitir as suas próprias más intenções e as dos demais, para conseguir corrigi-las.
Fonte: PACHECO, Cláudia Bernhardt de Souza. ABC da Trilogia AnalÃtica – Psicanálise Integral. São Paulo: Editora Proton, 2014.