A liberdade é a possibilidade de usar a vontade de acordo com a realidade; o ser humano só é livre quando usa corretamente sua existência – caso contrário é escravo – pois ele a estará usando contra si mesmo.
A verdade é semelhante à uma mina que, sendo explorada devidamente, enriquece o seu possuidor; a realidade psíquica é idêntica à uma casa de alto valor, mas que deverá ser habitada; ela é como uma jóia ou uma pedra preciosa, que espera o seu uso; é como uma chama que precisa estar sempre avivada, para iluminar; como o fogo que aquece, mas necessita de combustível.
Todo uso legítimo da vida é bom; não existe uma realidade, por si, que nos seja prejudicial; no entanto, a estamos sempre deturpando ou estancando – e isto é um mal. No momento em que a desviamos ou destruímos, começamos a nos prejudicar. E, para usá-la acertadamente, temos de aceitar nossa posição de intermediários da verdade. Por este motivo, o indivíduo livre é aquele que consegue usar sua vontade de acordo com a verdade. Ser livre é a aceitação de ser o que se é realmente, isto é, um ser humano – que geralmente achamos inferior ao que idealizamos megalomaniacamente.
Temos toda a liberdade para viver a vida: o bem e o belo e não o engano e astúcia; jamais podemos nos sentir bem, com algo que não fosse real. Ser livre é contar com a possibilidade de acatar a própria verdade, ou melhor, é a aceitação do real (rejeição ao falso), que tem pertinência com a própria essência da existência.
Fonte: KEPPE, Norberto da Rocha. A Libertação. São Paulo: Editora Proton, 2016.
Muito bom