Pelas nossas descobertas, estamos percebendo que o ser humano só pode ser assim, integral, se desenvolver seus três aspectos básicos: sentimento, pensamento e ação, ou seja, a religiosidade, a filosofia (Weltanschauung) e a ciência. Frequentemente observa-se um acentuado desequilíbrio em pessoas (e países), que querem viver só um desses fatores. Não é sem motivo que existe uma ânsia geral para se chegar a uma síntese universal que, em minha opinião, não é bem uma síntese, mas uma integração de aspectos básicos da personalidade, que um dia abandonamos (caindo na patologia) e agora temos urgência de retornar.
Quando digo da necessidade de um retorno ao próprio interior, estou falando da urgência de uma atitude essencial para o ser humano, ou seja, de se aceitar realmente como é, nos seus três aspectos fundamentais (à semelhança da Santíssima Trindade) – e não tentando viver uma ideia sobre si mesmo.
Evidentemente, não somos deuses; nós o refletimos, através da aceitação da própria realidade, quando a acatamos – porque não podemos ser seres humanos, desligados do divino; tal união é inteiramente idêntica ao fato de termos a vida.
Aristóteles fez uma distinção entre potência e ato, isto é, uma atitude de ação e outra de latência. A primeira ele atribuiu ao Criador, chamando-o de Ato Puro, que seria a total realização, a completa conscientização – e a outra seria uma mistura entre ação e a inação; o certo com a sua ausência; o bem com a sua carência – sempre como negação, omissão ou alteração ao que existe, pois tudo o que há é bom (e só poderia ser bom) porque tudo o que é só pode ser belo, verdadeiro (evidentemente) e bom.
Assim como há uma percepção de Deus, formado por três Pessoas, mas sendo um só Ser – nós somos também assim: formados por três dimensões, não sendo apenas a soma das três (Gestalt), mas algo mais; somos formados por um grande e magnífico sentimento (Amor), ou religião; também temos o pensamento (mais a intuição), ou a filosofia; somos finalmente a ação, ou seja, a ciência; mas que não são religião, filosofia ou ciência no sentido tradicional e, sim, algo mais do que isso. Por este motivo, um cientista, no sentido positivista, é tão falso como cada indivíduo dos outros setores agindo isoladamente.
Uma verdadeira religião, filosofia e ciência só poderão ser assim cosmicamente, isto é, através da integração entre as três, o que é uma nova coisa – desde que não é mais nenhuma delas, por si – sendo as três, uma só (a verdade o belo e o bem), o novo homem cósmico, que está começando a haver. Conscientizar significa agir, fazer, ou seja, aumentar de tamanho desenvolver-se, crescer, tornar-se ato, semelhante a Deus (não um outro Deus), mas assemelhar-se cada vez mais a Ele.
Fonte: KEPPE, Norberto da Rocha. A Glorificação. São Paulo: Editora Proton, 2019.
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