O Criador fez um universo tão majestoso, justamente para nos mostrar uma parte de toda a sua magnificência, convidando-nos amorosamente para que partilhemos de tal maravilha. E se tal grandeza, um dia, cairá e só nós, seres humanos, permaneceremos em outro universo a ser criado - provavelmente mais resplandecente ainda - é porque cada um de nós pode ter, em seu interior, um mundo mais belo ainda. Só o fato de se possuir consciência indica-nos a existência de um infinito entre nós e todo o cosmos.
A beleza, a verdade e a bondade, que carregamos em nosso interior, superam de longe tudo o que de belo, verdadeiro e bom existe no exterior. Não é possível estabelecer uma comparação, de tal maneira o homem supera todo o restante criado. E, no entanto, queremos impedir o trabalho de Deus, pois o que caracteriza a neurose-psicose é a atitude de oposição, negação ou de deturpação ao que Ele fez, principalmente, em nosso interior.
Pode o ser humano rejeitar o ar que respira, a comida que o alimenta, o corpo que o forma? No entanto, é exatamente isso que fazemos devido ao processo de inversão, por causa de nossa inveja a Deus. Agora, eu pergunto aos invejosos: compensa alimentar tal “sentimento”, vendo todos os bens que deixamos de usufruir?
Quando se fala que tal pessoa é muito humana, estamos dizendo que o certo (para nós) é ser constituído de psíquico e orgânico - e não de um espírito só, como os anjos e, muito menos, com um corpo (sem uma alma imortal) à semelhança dos animais. Ser humano é aceitar a existência que importa em uma estreita ligação com o Criador, pois não podemos viver senão com a vida, e a vida é Ele.
O processo de alienação é simplesmente o de inveja, que é uma atitude de negar, omitir ou deturpar o que somos. Vale a pena conservar a inveja? Deus, sendo o amor, a verdade e a beleza, fez-nos à sua imagem e semelhança, que importa em uma grande felicidade. É só aceitá-la.
Fonte: KEPPE, Norberto da Rocha. A Glorificação. São Paulo: Editora Proton, 2019.
Reflexão:
“Cada ano, mês, dia, hora, minuto e segundo, que deixamos de usar, para realizar o bem, é um tempo perdido, no sentido de usufruir melhor tanto o afeto, tanta dedicação que o Criador nos oferece, e que não volta mais. No entanto, cada minuto bem usado constitui uma enorme satisfação acumulada.”
(Norberto Keppe)
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