A projeção é um mecanismo psicológico de fuga à consciência dos próprios problemas. Através dela, o indivíduo projeta nos outros as suas próprias características.
O doente faz como o projetor de slide, que projeta na parede as imagens que estão contidas nos negativos. Chega a pensar que aquilo que se vê está realmente no outro, assim como se tem a sensação de que as imagens projetadas estão verdadeiramente na tela e não na máquina projetora.
O indivíduo pode projetar tanto os seus problemas como as suas qualidades, o que lhe causa grande perturbação e alienação de si mesmo. Aquele que projeta muito, tem toda a sua problemática sem controle. Se nós não conseguirmos controlar um problema em nós mesmos, também não conseguiremos controlá-lo em outras pessoas. A doença que não conscientizarmos em nós, também não a veremos nos outros e nos tornaremos presas fáceis em suas mãos.
O grande problema no mecanismo de projeção é que o indivíduo projeta nos outros a causa dos males que ele próprio está-se causando. Isto é, ele próprio se ataca e ataca a sua vida, como resultado de sua psicopatologia e da sociopatologia (o que aprendeu da sociedade), e culpa só os outros - consequentemente, está num mecanismo de autodestruição sem fim, pois, por não enxergar as causas reais do seu sofrimento e prejuízos, não consegue solucioná-las.
Keppe alerta para o fato de que somente a pessoa interiorizada, que reverte o mecanismo de projeção e aceita ver em si os problemas que antes via só nos outros, é que inicia a caminhada para a cura de suas doenças orgânicas e psíquicas (neuroses e psicoses).
Fonte: PACHECO, Cláudia Bernhardt de Souza. ABC da Trilogia Analítica - Psicanálise Integral. São Paulo: Editora Proton, 2014.
Reflexão:
Você percebe que aceitar ver os próprios problemas que antes só projetava nos outros é o primeiro passo para solucioná-los?
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